No fim do verão, mesmo muitas vidas numa piscina biológica começam numa folha de nenúfar. Há poucas horas atrás essa pequena rã ainda foi um girino a viver na água, debaixo de folhas flutuantes dos nenúfares. Num ambiente onde precisava de outros tipos de olhos, uma cauda grande para nadar bem e dentes fortes para raspar as microalgas das superfícies das plantas aquáticas.
Agora o mundo dela é redondo com um racha onde passa água. Agora respira ar e tem aspeto duma verdadeira rã, embora em miniatura, já tem patas para saltar e uma boca grande para apanhar pequenos insectos a voar por cima dos nenúfares, eventualmente atraídas pelo perfume que as flores emitem.
Como já debaixo de água, a pequena rã tem ter muito cuidado a não ser comida de qualquer predador, por exemplo duma cobra de água que está patrulhar atentamente pelas ilhas flutuantes das folhas de nenúfares.
Essa pequena história de metamorfose, da mudança da vida plenamente aquática para uma vida meia-terrestre e meia-aquática repita-se cada fim do verão nas piscinas biológicas. Muitas pequenas rãs trocam a vida dum mergulhador para uma vida de capitão duma folha de nenúfar. Mas a vida aqui apresenta mais desafios. Lá mais para o outono, com as primeiras chuvas começa a romaria da nova geração das rãs-verdes. Vão deixar viver na casa dos pais deles, à procura de novos habitats que podem ocupar a vontade e onde podem crescer até se tornam rãs adultos ou rã-príncipes. Importante salientar neste contexto, sem beijos não haverá príncipes.