Desde alguns anos temos um companheiro de natação, que partilha connosco a piscina biológica. Chama-se Anton e ele apareceu espontaneamente há alguns anos. Se trata de um Cagado-mediterrânico (Mauremys leprosa) juvenil que escolheu a nossa piscina biológica como habitat para viver.

Durante a Primavera, no Verão e ao longo do Outono ele está presente. Estranhamente, durante o Inverno ele não está. Parece. Não sabemos se ele se esconde ou prefere viver num outro lugar. Em comparação, os cagados que vivem na ribeira que atravessa a vila do nosso concelho estão sempre presente. Conseguimos observar-los em dias de Inverno em que eles procuram os sítios bem solarengos para se aquecerem. Mas o Anton prefere uma vida clandestina nesta época mais fresca do ano.

E de repente, de um dia ao outro, fim da Primavera, ele está lá novamente. Regressou e não sabemos de onde. Primeiro reparamos apenas o barulho, quando ele se lança na água enquanto nós passamos perto da margem. Pelo barulho se sabe que não pode ser uma rã, pelo som que provoca deve ser algo maior e de figura menos elegante. Ficamos então atentos e observamos sempre as margens antes de abrir a porta da casa. Cágados são muito tímidos e têm uma distância de fuga de vários dezenas de metros!

A partir das janelas conseguimos observar as suas voltas, durante muitas horas do dia quando ele se torna rei da piscina. Está a nadar de uma margem para outra, mergulha ou deixa-se boiar na superfície. Às vezes se vê apenas a ponta do nariz dele a penetrar a tona de água. Se vamos à água, ele normalmente prefere esconder-se de nos, mas as vezes cruza connosco na piscina por coincidência e parece, se estamos na água, ele é muito menos tímido. Se calhar, não sabe distinguir-nos como seres humanos, porque durante a natação vê apenas as nossas cabeças.

Em qualquer maneira, consideramos o “nosso” Anton uma bela dádiva da natureza. A piscina biológica ja encanta, mas ele encanta ainda muito mais.