É um facto consumido que as piscinas biológicas são habitats para anfíbios e muitos outros seres vivos aquáticos. Esta foto duma lagarta revela que também outros tipos de animais aproveitam destes pólos da biodiversidade. A foto foi enviada por um proprietário de uma piscina biológica, junto com a pergunta se o fome desta lagarta não era prejudicial para as plantas na margem? Felizmente não é o caso, porque se trata duma lagarta de Vanessa virginiensis. Ou seja, duma borboleta diurna, cujas larvas nunca comem tanto da sua planta preferida que essa vai acabar de morrer.
A espécie tem uma história bastante engraçada, sendo originalmente de América do Norte. Há mais que 50 anos foi encontrada pela primeira vez em Portugal Continental na Praia de Santa Cruz, Torres Vedras. Também foi vista nos Açores e Madeira, onde é rara até hoje. Como não há provas nenhumas que o homem está responsável pela vinda desta espécie americana à Europa, se trata de um dos raros casos onde uma “nova” espécie chegou a Europa sozinho. Sabe-se que algumas espécies de borboletas são capazes de voarem milhares de quilómetros, porque existem espécies migratórias como se conhecem na avifauna também.
Felizmente, para essa espécie de borbuleta não há evidências que essa seja prejudicial em qualquer forma para a flora ou fauna autóctone, ou seja original de Portugal. A lagarta vive sobre cardos e urtigas e gosta também de Pseudognaphalium lutei-album, uma espécie de planta de zonas húmidas, de folhagem peluda e branquiçada, que também usamos para embelezar as margens das piscinas biológicas. Assim, essas, para alguma parte do ano, tornam-se em berços para uma borboleta-diurna de origem americana, mas agora já considerada portuguesa, que vai encantar com os seus voos ao longo do Verão.