Ao consultar as Listas Vermelhas das Floras Portuguesas e de outros países europeus, verifica-se que muitas espécies de zonas húmidas estão ameaçadas ou em perigo de extinção. Isto deve-se ao facto de que, durante séculos, as zonas húmidas foram consideradas áreas improdutivas ou perigosas, devido à proliferação de mosquitos transmissores de doenças.
Atualmente, a perspetiva sobre as zonas húmidas é bastante diferente. Reconhece-se o valor de pântanos e charcos como refúgio de espécies raras da flora e fauna, e sabe-se do seu grande contributo como sumidouros de dióxido de carbono. Mais recentemente, através do Regulamento Europeu sobre o Restauro da Natureza, pretende-se recuperar e manter em bom estado as zonas húmidas naturais, especialmente aquelas que albergam habitats prioritários, como os charcos temporários mediterrânicos, para os quais Portugal tem uma responsabilidade especial, pois, este tipo de habitat quase não existe em outros Estados-Membros.
Neste contexto, é importante destacar que nas piscinas biológicas se plantam exclusivamente espécies autóctones e presentes na região onde a piscina se localiza. Além disso, plantam-se espécies ameaçadas e constantes na Lista Vermelha, todas produzidas para este fim em viveiro próprio. A produção e plantação destas espécies em habitats artificiais, como as piscinas biológicas, é vista como um contributo para manter disponíveis estas espécies raras e ameaçadas da flora aquática de Portugal. E, caso que seja do interesse das entidades estatais, será possível contribuir com exemplares deste stock disponível para uma reintrodução controlada nas zonas húmidas recuperadas no âmbito do Plano Nacional de Restauro da Natureza.